“No es el hambre, sino, por el contrario la abundancia, lo que provoca la guerra.”
parafraseado de José Ortega y Gasset, filósofo espanhol
A Alimentação é o motor da actividade humana. Num planeta onde a população humana aumenta exponencialmente a cada década, é cada vez mais premente acompanhar as necessidades de consumo. Ou não?
A alimentação tornou-se mais que o mero sustento os nossos corpos. Come-se por necessidade, mas também porque se tem apetite, para justificar um encontro ou celebrar uma data importante. Qualquer motivo é um boa razão para fazer uma refeição, porque a alimentação é e está acessível.
Os meios de produção permitem a proliferação dos comestíveis em várias formas, e com essa disponibilidade quase ubíqua e permanente, veio a necessidade de preservar. Depois, com o excesso de produção veio a necessidade de escoar.
Tanto a vida pessoal como profissional envolve, em aguma altura, um qualquer forma de alimentação e este facto torna-se particularmente notório em todas as situações que envolvem mais de duas pessoas. O ritual da partilha de uma refeição que- bra barreiras de comunicação, proporcionando tempos de lazer ou desbloqueando conversas inadiáveis, ao mesmo tempo que supre a inevitabilidade do sustento fisiológico.
A congregação em comunidade à volta da comida é tão antiga como a humanidade, mas com o advento da Revolução Industrial e o evoluir da dinâmicas sociais, foi necessário pensar novos meios de produção para suprir a procura que o estilo de vida, da sempre crescente população, exigia.
Apesar da evolução dos meios de produção permitir que a sociedade ocidental viva num estado aparente de abundância, a forma como lidamos com a distribuição dos excedentes - aproveitáveis ou não – continua a ser o nosso calcanhar de Aquiles, permitindo que “a outra parte” da população mundial viva em permanente deficit alimentar.
É este tema da Sociedade da Abundância, a noção de “alimentação para além do sustento” e as suas consequências individuais e colectivas que se tenta abordar. Uma abordagem empírica acerca do excesso e das suas implicações no comportamento compulsivo do consumo da comida processada, rápida e de qualidade questionável.
Produção I, 2021, (DEC01/2021), Técnica mista sobre tela, 70X100 cm
Consumo I, 2021, (DEC02/2021), Técnica mista, 70X100 cm
Fome I, 2021, (DEC03/2021), Técnica mista, 70X100 cm
Produção II, 2021, (DEC04/2021),
chapa de ferro dobrada e soldada, 20X15X6 mm
Alimentação II, 2021, (DEC05/2021),
chapa de ferro dobrada e soldada, 20X15X7 mm
Fome II, 2021, (DEC06/2021),
chapa de ferro dobrada e soldada, 20X15X5 cm
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