Em “circuitos, filamentos, convergências”, Nuno Tuna transita para um despojamento orgânico, procurando assim o nivelamento que as formas podem conter dessa acção.

O trabalho apresentado na 23a atelier, que se bastaria como um simples exercício pictórico, revela a descoberta do autor dentro da pintura.
A gestualidade impressa no rasgar de dimensões de cor da tela monocromática, são gritos de raiva contida e de libertação. E essa libertação torna-se mais intensa quanto mais despojada é a tela. 

Estas formas cada vez mais precisas são as peças que se juntam, e que se ajustam, para explorar e expôr o que de outra forma é impossível conseguir. É a construção do seu Replicant. E a sua evolução. Os primeiros realizam as tarefas perigosas. Os seguintes começam a explorar os lugares inóspitos. 

O caminho ainda agora começou, mas o desejo do Replicant é ser o seu Criador. E provavelmente o desejo do Criador é ser substituído por ele.

Fernando Pina

Junho 2024

 ✸ Adotado.    ✸ Reservado.